Sunday 9 January 2011

Over Berlin 29.11.10

Há um cuidado de ti que me deixa atenta. Na relação com o fluxo diário de passageiros, avança a vida. Decorre o futuro, o alento precioso dos cuidados, um gosto particular. Um olhar. Nesta partida, mais uma premissa ao conforto invernal dos dias, espero a calorosa fronteira, os olhares desmedidos, o conforto enfrentado do não lugar. A Palestina é para mim uma interrogação. A suspeita herege, dos dias sem ninguém. Os gestos esquecidos das mulheres. O perságio longínquo da religião. Neste não lugar, encontrei a forma sem contexto, a linguagem do sofrimento, a visualização das promessas, os livros, as palavras, as formas intermináveis, que escondem a perplexidade dos outros. Olhar. Um olhar solto sobre as viagens. O paladar apagado pela fome, o gosto pelo grito. Assim perfumo os dias sem pensar. Gosto de um sonho inventado e permaneço além do primeiro pensamento que me avilta o coração. Graças aos encontros inspira-se-me de novo a alma, encalha-se o perfeito dilúvio e solta-se a lingua. Vou escrever, para não esquecer quem solta. Os prisioneiros e as mentiras, os desarmamentos interiores, o medo de uma paixão escondida. O pestanejar lento das crianças. Inculco um sábio desleixo uma sapiente memória. Os sorrisos, as fontes os desenlaces, como se o futuro fosse presente deixado para trás e se visse entregue aos desleixados prazeres de desaguar em águas fundas, como se de chuva se tratasse. Assim turbolenta. Entre paixões esquecidas e novas ilusões a luta permanece acesa. Desde a minha partida, o pensamento trai-me e acende as possibilidades inócuas do não lugar. Um livro simples escreve-se de uma só respiração. Como se o sorriso fosse perfeição e o amor se maturasse lentamente, como o vinho.
Assim te procuro, terra, gentes, sentimentos sensações fugazes perguntas que permanecerão sem respostas. O teu pensamento acende. A filha de conversa à janela, o sol apontado em contraluz. A sinceridade das palavras trémulas. A verdadeira história. A dureza da dor. A procura. A estrela. A certeza de estar certo, partilhar encontrar uma razão para ir. E assim, perder o medo e não voltar. Para contar um conto, encontrado na boca de alguém que tem lugar. Acendo o pensamento e tu, vais acompanhar a decisão.

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